Escrito em forma de diálogos,
narra um banquete realizado na casa de Agatão, tendo como convidados Fedro,
Pausânias, Erixímaco, Aristófanes, Sócrates e Alcebíades. Todos discursam sobre
o Amor. Os discursos deles, contrariando o que eu estava esperando, é
fortemente influenciado pela religião – mitologia grega, além de referência de
grandes nomes, como Homero.
A narrativa começa com Apolodoro
caminhando em direção à cidade, quando é interrompido por um companheiro, que
lhe pergunta sobre os discursos que foram proferidos no banquete de Agatão, ao
que Apolodoro responde dizendo que o banquete fora realizado há muito tempo, e que
ficara sabendo dos detalhes através de Aristodemo, que fora ao banquete
acompanhado de Sócrates. Segue abaixo um resumo dos discursos de cada um sobre
o Amor.
Fedro – O amor é um grande deus,
admirado entre os homens e os deuses e, sendo o mais antigo dentre eles, é a
causa dos maiores bens. Sem o amor, que implica vergonha do que é feio e apreço
do que é belo, não é possível à cidade e nem ao indivíduo produzir grandes e
belas obras. “(...) ninguém há tão ruim que o próprio Amor não o torne inspirado
para a virtude, a ponto de ficar ele semelhante ao mais generoso de natureza”.
Pausânias – defende que há dois
amores por haver duas deusas: Urânia, a celestial e Pandêmia, a popular. Toda
ação em si não é bela e nem feia, o que a torna uma ou outra coisa é a prática,
dessa forma, o amar e o amor só são belos quando praticados. Os homens vulgares
amam o amor de Afrodite Pandêmia, que amam mais o corpo do que a alma, tudo em vista
apenas efetuar o ato, não importando se é decente ou não. Em sua geração
participa o macho e a fêmea. No amor de Urânia, participa apenas o macho – o amor
aos jovens. Urânia é mais velha e isenta de violência. Os que se dedicam a esse
amor apreciam o que é másculo, afeiçoando-se à natureza do mais forte e mais
inteligente. Amam o jovem no sentido de educá-lo, e não ludibriá-lo em sua
inocência, usando-o para depois ir em busca de outro. Esse amor pelo jovem não
é em si nem belo e nem feio; se decentemente praticado, é belo, se indecente,
feio. É feio deixar-se conquistar, sem o devido tempo, já que é prova de amor,
bem como o deixar-se conquistar pelo dinheiro e pelo prestígio político, pois são constantes
e não produzem amizades nobres. O aquiescer o amado ao amante é belo quando o
objetivo é a contribuição para a sabedoria e demais virtudes.
Erixímaco – elogia o discurso de
Pausânias, mas declara que faltou um remate, o que se propõe a fazer. Como prático
em medicina, ele estende o amor não apenas aos homens, mas a todos os seres
vivos. Defende o amor como sendo duplo: um sadio e um mórbido. Deve-se combinar
os dois em todas as artes para conservar o amor. O amor com sabedoria e justiça
nos traz felicidade e amizade.
Aristófanes – concorda com
Erixímaco e Pausânias sobre ser o Amor o deus mais antigo, mas diferentemente dos
dois, defende a existência de três gêneros da natureza humana, ao invés de dois:
o masculino, o feminino e o andrógino. Antigamente o ser humano era andrógino,
possuindo quatro braços, quatro mãos, quatro pernas, duas cabeças. Voltando-se eles
contra os deuses, Zeus os pune dividindo os andróginos para enfraquecê-los,
cada um agora andando sobre duas pernas. Coube a Apolo fazer as reparações
depois das mutilações que dividiram os corpos. Divididos, homens e mulheres
tentavam se unir novamente e acabavam morrendo. Zeus então lhes dão sexos para
que possam procriar e se unirem. O amor é o restaurador de nossa antiga
natureza em sua tentativa de fazer um só de dois e de se curar a natureza humana.
Nossa antiga natureza era formada por um só, éramos um todo, o amor é o desejo
e a procura do todo. Seríamos uma raça mais feliz se voltássemos para nossa
antiga natureza.
Agatão – diz que os discursos anteriores
procuraram elogiar os homens pelos bens advindos do deus, e não a ele, então
decide discorrer sobre sua natureza. O Amor é o deus mais feliz e mais belo.
Discorda de Fedro que o Amor seja o deus mais antigo, ao contrário, considera-o
o mais jovem, pois o amor está na juventude. É um poeta e sábio. Todos os
deuses buscam no amor suas realizações, por ele são guiados. Antes dele havia
desentendimento entre os deuses, de pois dele belas coisas surgiram para deuses
e os homens.
Sócrates – Ao contrário de todos
os outros anteriores, Sócrates não apenas discursa, ele utiliza a ironia e a
maiêutica para interrogar Agatão e chegarem a um conhecimento novo. Ao interrogá-lo,
Agatão reconhece que pouco sabe sobre o assunto. Sócrates, antes, pensava como
o amigo, mas declara que fora convencido por uma mulher chamada Diotima, a quem
atribui um grande conhecimento sobre o amor. A partir daí cita o discurso de
Diotima. Defende a ideia de que o Amor não é um deus, pois não sendo belo e nem
bom, não se encontra nos extremos, mas sim no centro. É ao mesmo tempo mortal e
imortal, um grande gênio, porque fica entre um deus e um mortal. O Amor é filho
da Pobreza e do Recurso, que dormiram juntos no dia do nascimento de Afrodite. O
amor é filósofo, está entre sábio e ignorante, pois é filho de pai rico e sábio
e mãe não sábia e pobre. Quem ama quer ter o bem sempre consigo.
Por último, Alcebíades entra
embriagado e discursa elogiando Sócrates, alegando que, apesar de tentar ser
amante do grande filósofo no sentido de obter instrução, sua juventude e beleza
nunca fizeram Sócrates se entregar a ele, pois Sócrates nunca se deixou levar
pelo corpo e pelo dinheiro.
Como se pode observar, a obra é
fortemente ligada à religião. Considero alguns pontos interessantes, mas na
maior parte achei os discursos limitados à mitologia. De qualquer forma, não
superando minhas expectativas, é um livro que retrata os conhecimentos e crenças
da época em que foi escrito.
(Wennes Mota)
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