O livro é dividido em oito capítulos, o primeiro dedicado ao contexto medieval, o segundo abordando o sexo na Idade Média e os demais, cada um, analisando as minorias de acordo com a visão preconceituosa, intolerante, violenta e religiosa da Idade Média.
A Idade Média foi um
período tenebroso da história da humanidade. As pessoas temiam o fim do mundo,
principalmente a passagem do milênio e o ano de 1033, porque era exatamente mil
anos da morte de Jesus Cristo. Pobreza, períodos de fome, doenças, guerras,
Peste Negra. Diante disso as pessoas se apegavam ainda mais à religião porque
desejavam a salvação. Com muita frequência as minorias eram escolhidas como os
bodes expiatórios das desgraças que aconteciam, pois acreditavam que eram
punições de Deus pelos pecados.
SEXO NA IDADE MÉDIA
De uma forma ou de
outra, as minorias abordadas no livro estiveram ligadas de uma forma ou de
outra ao sexo. O sexo na Idade Média era difundido com a visão da Igreja
Católica de que sua função era apenas para procriação, no casamento. Sexo por
prazer era pecado. Até as posições sexuais eram ditadas pela Igreja: o homem
por cima da mulher frente a frente (a mulher não podia ficar por cima porque
era submissa ao homem). Era proibido o sexo oral, anal, por trás (visto como
bestialidade), bem como a masturbação. A Igreja associava o sexo ilícito ao
Demônio. Ela possuía suas punições para os transgressores:
HEREGES
Com a crescente
riqueza, politização, burocracia, dogmas, a Igreja foi se afastando da essência
do Cristianismo, e por causa disso muitas pessoas passaram a buscar a Deus de
uma forma mais fiel às escrituras sagradas. Todos aqueles que não reconhecessem
a hierarquia da Igreja Católica eram considerados inimigos do cristianismo, e
portanto, seguidores do diabo.
Os valdenses e os
cátaros, além de outros, condenavam os luxos e excessos dos líderes da Igreja e
passaram a imitar Jesus Cristo no modo de evangelizar e viver de forma simples,
buscando a pobreza e a mendicância. Como não pregavam com a permissão da
Igreja, foram perseguidos e torturados. Os frades franciscanos e dominicanos
foram as armas da Igreja no combate aos hereges, pois os frades eram exemplos
de castidade, pobreza, simplicidade e evangelismo. Foram importantes para a
manutenção e expansão da Igreja. Os hereges eram acusados de satanismo,
hipocrisia e irregularidades sexuais.
BRUXOS
Na Idade Média era comum
acreditar em magia. Adivinhos e curandeiros eram vistos como bruxos. Os bruxos
eram associados ao diabo. Muitos foram perseguidos e queimados.
JUDEUS
Muitas autoridades
eclesiásticas e seculares condenavam a perseguição dos judeus, mas sempre que
havia Cruzadas, muitos se aproveitavam para ataca-los. Os judeus ajudaram a propagar
a palavra de Deus, mas não aceitavam Jesus Cristo, portanto, eram vistos como
inimigos pela Igreja, que tentava convertê-los, e quando não conseguia,
frequentemente os perseguia.
Vários papas protegiam
os judeus. Eram contra o batismo forçado, a violência, os ataques a eles. Mesmo
assim, várias restrições legais eram impostas a eles. Como eram grandes
comerciantes, os judeus eram protegidos por muitas autoridades. Emprestavam dinheiro
e ajudavam o crescimento das cidades. Foram acusados de satanismo e que do seu
povo sairia o anticristo. Foram perseguidos, torturados, queimados.
A partir do século XII
foram acusados de assassinarem crianças, o que levou a explosões de violência e
assassinatos, uma verdadeira histeria antijudaica. Eles eram identificados e
isolados, deveriam viver em bairros separados, vestir roupas e símbolos
específicos.
PROSTITUTAS
Os principais clientes
eram os jovens e não-casados. Não importa o que a Igreja pudesse dizer sobreo
sexo, havia uma certa tolerância social generalizada da atividade sexual
masculina pré-marital e extraconjugal. Era uma forma de afirmar a masculinidade
do jovem, aliviando suas necessidades sexuais, impedindo que se aproximassem de
moças e mulheres casadas, evitando estupros e desencorajando-o contra práticas
homossexuais. O crescimento das cidades ampliou o número de prostitutas. Eram
vistas com preconceito, eram separadas da sociedade, mas tinham sua função
social. Várias vezes foram expulsas das cidades, permitindo suas atividades fora
da sociedade, mas também muitos bordeis foram regulamentados e tributados. A
municipalização de bordeis visava a taxação, manutenção da ordem pública,
segregação das prostitutas, para satisfazer as necessidades sexuais dos homens
e jovens não casados, além de combater estupros e atividades homossexuais
HOMOSSEXUAIS
A atividade homossexual
era mais predominante nas cidades. Era vista como um impulso demoníaco. Grupos
mais inclinados à homossexualidade: nobreza, estudantes e clero. Nos séculos
XII e XIII os homossexuais começarem a ser tratados como um problema sério,
pois ameaçava o casamento sacralizado pela Igreja. Tanto a Igreja quanto as
autoridades seculares passaram a ser mais rigorosos contra os homossexuais.
Muitos homossexuais foram acusados de bruxaria e heresia.
LEPROSOS
Os leprosos eram
segregados em parte porque as pessoas já tinham noções de contaminação. Os
leprosos deveriam usar um sinal, guizo ou sino para denunciar sua aproximação.
Igrejas e autoridades seculares tomavam medidas para assegurar assistência e reclusão
para os leprosos. Vários regulamentos proibiam a entrada deles nas cidades.
Foram acusados de envenenar poços, fontes e rios na França. Muitas provas eram
forjadas contra eles. Embora a Igreja incentivasse a compaixão, os leprosos
eram vistos geralmente como bodes expiatórios. A partir do século XIV há uma
diminuição no número de leprosos. Entre os fatores de declínio pode-se explicar
pela morte dos mais miseráveis pela Peste Negra, aumento do número de hospitais
e cuidados no combate à Peste.
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