SEXO, DESVIO E DANAÇÃO: As minorias na Idade Média, de Jeffrey Richards

 

 
O livro é dividido em oito capítulos, o primeiro dedicado ao contexto medieval, o segundo abordando o sexo na Idade Média e os demais, cada um, analisando as minorias de acordo com a visão preconceituosa, intolerante, violenta e religiosa da Idade Média.

A Idade Média foi um período tenebroso da história da humanidade. As pessoas temiam o fim do mundo, principalmente a passagem do milênio e o ano de 1033, porque era exatamente mil anos da morte de Jesus Cristo. Pobreza, períodos de fome, doenças, guerras, Peste Negra. Diante disso as pessoas se apegavam ainda mais à religião porque desejavam a salvação. Com muita frequência as minorias eram escolhidas como os bodes expiatórios das desgraças que aconteciam, pois acreditavam que eram punições de Deus pelos pecados.

SEXO NA IDADE MÉDIA

De uma forma ou de outra, as minorias abordadas no livro estiveram ligadas de uma forma ou de outra ao sexo. O sexo na Idade Média era difundido com a visão da Igreja Católica de que sua função era apenas para procriação, no casamento. Sexo por prazer era pecado. Até as posições sexuais eram ditadas pela Igreja: o homem por cima da mulher frente a frente (a mulher não podia ficar por cima porque era submissa ao homem). Era proibido o sexo oral, anal, por trás (visto como bestialidade), bem como a masturbação. A Igreja associava o sexo ilícito ao Demônio. Ela possuía suas punições para os transgressores:

HEREGES

Com a crescente riqueza, politização, burocracia, dogmas, a Igreja foi se afastando da essência do Cristianismo, e por causa disso muitas pessoas passaram a buscar a Deus de uma forma mais fiel às escrituras sagradas. Todos aqueles que não reconhecessem a hierarquia da Igreja Católica eram considerados inimigos do cristianismo, e portanto, seguidores do diabo.

Os valdenses e os cátaros, além de outros, condenavam os luxos e excessos dos líderes da Igreja e passaram a imitar Jesus Cristo no modo de evangelizar e viver de forma simples, buscando a pobreza e a mendicância. Como não pregavam com a permissão da Igreja, foram perseguidos e torturados. Os frades franciscanos e dominicanos foram as armas da Igreja no combate aos hereges, pois os frades eram exemplos de castidade, pobreza, simplicidade e evangelismo. Foram importantes para a manutenção e expansão da Igreja. Os hereges eram acusados de satanismo, hipocrisia e irregularidades sexuais.

BRUXOS

Na Idade Média era comum acreditar em magia. Adivinhos e curandeiros eram vistos como bruxos. Os bruxos eram associados ao diabo. Muitos foram perseguidos e queimados.

JUDEUS

Muitas autoridades eclesiásticas e seculares condenavam a perseguição dos judeus, mas sempre que havia Cruzadas, muitos se aproveitavam para ataca-los. Os judeus ajudaram a propagar a palavra de Deus, mas não aceitavam Jesus Cristo, portanto, eram vistos como inimigos pela Igreja, que tentava convertê-los, e quando não conseguia, frequentemente os perseguia.

Vários papas protegiam os judeus. Eram contra o batismo forçado, a violência, os ataques a eles. Mesmo assim, várias restrições legais eram impostas a eles. Como eram grandes comerciantes, os judeus eram protegidos por muitas autoridades. Emprestavam dinheiro e ajudavam o crescimento das cidades. Foram acusados de satanismo e que do seu povo sairia o anticristo. Foram perseguidos, torturados, queimados.

A partir do século XII foram acusados de assassinarem crianças, o que levou a explosões de violência e assassinatos, uma verdadeira histeria antijudaica. Eles eram identificados e isolados, deveriam viver em bairros separados, vestir roupas e símbolos específicos.

PROSTITUTAS

Os principais clientes eram os jovens e não-casados. Não importa o que a Igreja pudesse dizer sobreo sexo, havia uma certa tolerância social generalizada da atividade sexual masculina pré-marital e extraconjugal. Era uma forma de afirmar a masculinidade do jovem, aliviando suas necessidades sexuais, impedindo que se aproximassem de moças e mulheres casadas, evitando estupros e desencorajando-o contra práticas homossexuais. O crescimento das cidades ampliou o número de prostitutas. Eram vistas com preconceito, eram separadas da sociedade, mas tinham sua função social. Várias vezes foram expulsas das cidades, permitindo suas atividades fora da sociedade, mas também muitos bordeis foram regulamentados e tributados. A municipalização de bordeis visava a taxação, manutenção da ordem pública, segregação das prostitutas, para satisfazer as necessidades sexuais dos homens e jovens não casados, além de combater estupros e atividades homossexuais

HOMOSSEXUAIS

A atividade homossexual era mais predominante nas cidades. Era vista como um impulso demoníaco. Grupos mais inclinados à homossexualidade: nobreza, estudantes e clero. Nos séculos XII e XIII os homossexuais começarem a ser tratados como um problema sério, pois ameaçava o casamento sacralizado pela Igreja. Tanto a Igreja quanto as autoridades seculares passaram a ser mais rigorosos contra os homossexuais. Muitos homossexuais foram acusados de bruxaria e heresia.

LEPROSOS

Os leprosos eram segregados em parte porque as pessoas já tinham noções de contaminação. Os leprosos deveriam usar um sinal, guizo ou sino para denunciar sua aproximação. Igrejas e autoridades seculares tomavam medidas para assegurar assistência e reclusão para os leprosos. Vários regulamentos proibiam a entrada deles nas cidades. Foram acusados de envenenar poços, fontes e rios na França. Muitas provas eram forjadas contra eles. Embora a Igreja incentivasse a compaixão, os leprosos eram vistos geralmente como bodes expiatórios. A partir do século XIV há uma diminuição no número de leprosos. Entre os fatores de declínio pode-se explicar pela morte dos mais miseráveis pela Peste Negra, aumento do número de hospitais e cuidados no combate à Peste.

 


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