A obra aborda o julgamento, sua
defesa e consequente condenação à morte. É dividida em três partes.
Na primeira, Sócrates procura se defender das
acusações de corromper a juventude e de adorar outros deuses diferentes dos da
pátria. O filósofo, de forma eloquente, interroga Meleto, um dos seus acusadores
e, de forma brilhante, demonstra que as acusações que recaem sobre si são infundadas.
Com suas intermináveis perguntas acaba demonstrando as contradições de Meleto.
Sócrates em suas buscas e análises
procura saber se algumas pessoas são realmente sábias como dizem e acaba
descobrindo que elas não o são. Ele chega a se considerar superior porque alega
que nada sabe, por isso é sábio, pois não finge saber como os outros. Defende a
ideia de que presta um grande serviço à sua pátria ao demonstrar a verdade para
as pessoas, fazê-las enxergar o que não sabem.
Na segunda parte, ao ter
conhecimento dos votos que o condenam, ele declara que prefere a morte a ter que
renunciar sua filosofia. Alega que merece ser alimentado no Pritaneu, edifício
que recebia vitoriosos, vencedores dos jogos olímpicos, etc, pois seus serviços
gratuitos e educativos são mais importantes do que aqueles que são bem
recebidos no importante local.
Na terceira e última parte, ele aceita a
morte, mas deixa claro que a pena foi injusta e que consequências negativas
recairiam sobre aqueles que o haviam condenado. Faz uma defesa da morte,
dizendo que não é ruim como as pessoas pensam, pois pode ser um eterno sono,
sem sonhos e sensações, um eterno descanso ou então a migração, mudança da alma
deste lugar para outro. Nesse último caso, ele diz que se encontraria
verdadeiros juízes justos, além de grandes personalidades como Homero.
O livro é curto, leitura fácil,
podendo ser lido em um dia ou dois, no máximo. Percebe-se, pela força de seus
argumentos, a ironia e a maiêutica, o brilhantismo de seu sistema filosófico. Um
sábio de verdade.
A parte que considero controversa
é o apelo de Sócrates à religião, ao sobrenatural, pois declara que ouve vozes
que o impedem de fazer algo que seja considerado ruim. Ele disse que aceitou a
condenação à morte de bom grado porque não ouve um sinal divino que dissesse o
contrário, como se fosse da vontade de deus que morresse por uma causa, para
mostrar a verdade.
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