Se você era adolescente de 2004 a 2008, mais ou menos, em Barra do Corda, então você certamente foi impactado de alguma forma pelo fenômeno Samantha. Desconheço, na história de nossa cidade, pelo menos na primeira década do nosso século, algum jovem que tenha exercido tanto fascínio e influência como ela. Vivíamos a infância das redes sociais: Orkut, Flogão, MSN. Época de ouro das “lan houses”.
A primeira vez que a vi eu me lembrei da personagem Elvira, do filme “Elvira, a Rainha das Trevas”. Para quem não conhece o filme, ele trata da chegada de uma mulher linda, estranha e com estilo gótico a uma pequena cidade, deixando os mais velhos e conservadores intrigados e conquistando os jovens. Ela me lembrava também a cantora canadense Avril Lavigne, que surgiu no mercado mundial como uma adolescente diferente, estilo punk rock, contrariando a dominação do pop dançante e sensual de Britney Spears.
Com seu visual diferente e hábitos esquisitos para a maioria das pessoas, Samantha tornara-se a garota mais intrigante de Barra do Corda. Trajando roupas pretas, de preferência vestidos e saias longos, botas e todos os artigos indispensáveis no armário de um gótico, ela chamava atenção por onde passava. Para completar o visual, maquiava-se com cores escuras. O lápis preto contornava seus olhos com tal intensidade que se tornavam persepitíveis de longe. A sombra e o batom também eram em tons negros ou rubros. As cores escuras caiam bem no seu belo rosto, alongado, traços marcantes e a pele de seda.
Sempre que eu a via sentia um certo nervosismo. Tinha vontade de me aproximar, mas ao mesmo tempo me sentia inseguro. Não sabia o que dizer. Eu a admirava tanto! Via em sua ousadia uma inspiração. Ela era o centro das atenções e não ligava para os julgamentos alheios. Na época eu tinha um espírito gótico, mas era muito tímido. A primeira vez que a gente trocou um “oi” foi em um show do ginásio do colégio Nossa Senhora de Fátima, creio que em 2006. Daí em diante, passamos a ter um certo contato, mas minha timidez criava um certo obstáculo para a amizade. Sempre que ouço “Cry for the Moon”, da banda gótica Epica ela me vem à mente.
Palavras como fúnebre, sórdido, funesto, sombrio, morte, etc, não podiam faltar suas publicações. Como todo gótico, ela apreciava escuridão, cemitérios, rock pesado. Além disso, demonstrava um profundo desprezo pelo modismo e trivialidades da sociedade.
Ela era unanime em Barra do Corda quando o assunto era mistério, esquisitice e polêmica. Todo mundo comentava a seu respeito. Boatos de que ela dormia em cemitério, bebia sangue, entre outros, corriam pelos quatro cantos da cidade. Sua beleza, aliada a seu estilo diferente e comportamento austero a tornaram muito famosa e copiada.
Vários adolescentes, de ambos os sexos, adotaram o estilo da garota rebelde. De uma ponta a outra da cidade viam-se forrozeiros caindo pro lado do rock. Todo mundo queria ser amigo dela. Todos a admiravam!
Samantha passou uma temporada na Suíça, na casa dos avós paternos. Hoje mora em Paranavaí, Paraná, é enfermeira e mãe de três filhas. Não é muito de se expor nas redes sociais. Continua linda e com personalidade.
Foi minha aluna no CEC meu caro Wennes. Fascinante, rebelde, polêmica, inteligente e acima disso tudo uma pessoa maravilhosa.
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