Governo Bolsonaro por um fio


Até pouco tempo o presidente Bolsonaro, aos trancos e barrancos, estava conduzindo o país com uma boa aceitação, mas agora a crise econômica, panelaço, ameaça de impeachment e uma provável iminente greve dos caminheiros tem colocado o presidente em maus lençóis. 


A pandemia desestabilizou vários governos. Em maior ou menor grau, isso afetou a política em 2020. Trump caiu. Alguns prefeitos não conseguiram se reeleger ou não conseguiram fazer sucessores. O mesmo problema ameaça o atual presidente. Com a pandemia, temos a recessão econômica. E se a economia vai mal, a população não perdoa. Um dos principais motivos em relação à popularidade do presidente durante o caos provocado pelo novo coronavirus deu-se em decorrência do auxílio emergencial, medida inevitável e obrigatória de ajuda direta aos mais afetados economicamente. 


A reeleição do presidente estava praticamente garantida. Mas agora a situação vem tomando rumos diferentes. As próximas semanas e meses serão cruciais para que ele supere ou intensifique essa onda de pessimismo que ronda o país. O desempenho da gestão em 2021 e no começo do próximo ano será o fator decisivo para o resultado das próximas eleições. 


Em diversos momentos durante a pandemia o presidente tem tratado a difícil situação de forma polêmica, como discursos irresponsáveis, a subestimação do vírus, o não uso de máscara e até uma queda por teorias da conspiração. Em um momento conturbado como esse o país precisa de um presidente que aponte soluções, confortando a população, ao invés de causar divisões. 


O mesmo “sistema” que aplicou golpes no país, que vem promovendo a corrupção invisível, que derrubou Dilma agora ameaça Bolsonaro. Esse sistema, denunciado no livro de Jessé Souza, “A Elite do Atraso” (depois falarei desse livro), influencia a mídia que, por sua vez, consciente ou inconscientemente, alimenta e amplia falsas ideias na mentalidade popular. 


É comum a direita acusar a mídia de tendenciosa e sensacionalista. Alguns grupos de comunicação são realmente irresponsáveis, filtrando o que deve ser dito e investigado para alimentar o “sistema”. Isso aconteceu com a esquerda no poder, que também se reclamava de “perseguição” por parte da imprensa, sobretudo nos escândalos do Mensalão e Lava-jato amplamente divulgados. Irresponsável ou não, a maior parte da imprensa ainda cumpre seu importante papel, mesmo que seja patrocinada por ideias dominantes que mantém a riqueza nas mãos de poucos. 


O vento que derrubou Trump agora ameaça Bolsonaro. Se quiser se reeleger, o presidente precisará mudar um pouco seus discursos e apresentar melhores soluções. Dizer que o país está quebrado (e de fato está, em decorrência da pandemia e suas consequências) não é a melhor saída. 

(Wennes Mota)

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